Terrapreta A Peça (Sonho) é um espetáculo de teatro inédito inspirado no premiado livro Terrapreta de Rita Carelli, e em histórias originárias do Alto Xingu, entre elas, “A Origem do Kuarup”. O livro Terrapreta foi a obra vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura 2022, que segundo Ailton Krenak “se revela um romance de formação para leitores que vislumbram outras cartografias do país, um livro para quem ainda não sabe o que é o Brasil”. O espetáculo está em cartaz no Espaço Parlapaões em curta temporada.
A direção artística do espetáculo é do renomado diretor Nelson Baskerville. A idealização do projeto é da atriz e produtora Helena Cerello. Os produtores associados são Lucianna Lima e Raul Barretto. A adaptação dramatúrgica é de Helena Cerello, Nelson Baskerville, com a colaboração da pajé e liderança feminina no Alto Xingu, Mapulu Kamayura. O elenco indígena é formado por um casal de pajés Mapulu Pajé Kamayura e Raul Yawalapiti, e sua família Maira Yawalapiti, Kuratu Yawalapiti e Yutah Kamayura.
Crédito das fotos : Ronaldo Gutierrez
O projeto visa, além de contar uma história, sobretudo trazer um alerta da realidade que o Alto Xingu hoje está atravessando, com queimadas recorrentes, desmatamentos, barragens nos rios e descaso com a saúde indígena. O Território Indígena do Xingu é uma terra demarcada há mais de 60 anos, mas atualmente corre sérios riscos ambientais e humanos.
Indígenas do Alto Xingu das etnias Kamayura e Yawalapiti, e artistas da cena teatral de São Paulo se unem na criação de um espetáculo único.
Ana, a personagem narradora, depois da morte repentina de sua mãe, deixa sua rotina de estudante em São Paulo para morar com o pai, arqueólogo, numa aldeia do Alto Xingu, que se prepara para o Ritual do Kuarup.
“A ritualização da vida coloca a vida em um lugar de honra, a vida é o que há de mais precioso, onde todos seres tem importância nessa teia de humanos, não humanos e floresta. A beleza do Kuarup consiste em ser, ao mesmo tempo, o rito onde eles estão chorando os seus mortos, e depois do choro, do encaminhamento da alma dos mortos, da música, das lutas, é o momento em que as meninas saem da reclusão, depois de ficarem reclusas meses, às vezes anos. Elas representam a renovação da vida, então fecha-se o ciclo de morte e recomeça um ciclo de vida, o mundo recomeça a girar, a vida e a morte de mãos dadas” - Rita Carelli, autora do livro TERRAPRETA.
TERRAPRETA A PEÇA (Sonho) traz para o palco um encontro de universos, do Xingu, São Paulo e Paris, que é onde o livro que nos inspiramos também se passa, e conduz o espectador, numa jornada na qual cada gesto e cada palavra estão permeados por uma visão mítica do mundo, e por uma narrativa que mostra uma possibilidade de encontro, amizade, aliança e afeto, e sobretudo um questionamento do nosso papel, como artistas ao trazer um possível diálogo entre culturas tão diversas.
É muito importante para o espetáculo contar com a presença da família da Pajé Mapulu Kamayura e seus cinco integrantes, como contadores dessa história, juntamente da equipe de São Paulo, entendendo que é mais que urgente, que os indígenas possam contar histórias, que envolvam sua cultura, por si mesmos.
“Entendemos que realizar um espetáculo, uma peça teatral para jovens e adultos, com a temática indígena pode contribuir para algo essencial hoje que é impregnar o nosso maior patrimônio, nossos biomas, nesse caso o Alto Xingu e seus rios, suas matas e suas gentes na imaginação das novas gerações. Nosso objetivo com esse projeto, além de contar uma história é responder ao projeto secular de destruição e invisibilização indígena, com arte, mobilização, educação, amor e consciência, entendendo que é urgente incorporar a matriz indígena, às nossas narrativas.
Sair do estereótipo é algo que é pra ser feito junto, entre os indígenas, a literatura, o teatro, os artistas como um todo. Estamos aqui desejando com esse projeto ser uma ponte” Helena Cerello, atriz e produtora "...o rio é o nosso mercado. É ali que vamos buscar a nossa comida" Mapulu Kamayura.
O Projeto TERRAPRETA A PEÇA (SONHO) contribuiu para a comunidade ALDEIA KAMAYURA com uma rede nova de pesca para o Kuarup de 2024, como contrapartida pela participação dos indígenas, no conteúdo audiovisual do projeto.
“Queremos com essa peça sonho ser uma ponte entre esses dois mundos (…) respeitá-los na sua realidade de povos originários, ouvi-los e agir segundo as suas sabedorias, que aqui trazemos, em forma de peça. E que, ao tudo isso nos tocar, comecemos fazer algo a respeito. Essas vidas merecem”. Lucianna Lima, atriz e produtora associada.
TERRAPRETA POR AILTON KRENAK
“Com seu romance de estreia, a escritora e atriz Rita Carelli prova maturidade de escrita e conhecimento das histórias dos povos indígenas das muitas aldeias por onde passou. A autora sabe do que fala e o faz com muita propriedade e afeto. Seus personagens são de carne e osso, a maioria ao menos. A protagonista, nascida numa grande metrópole, inicia sua jornada sem atinar tudo que pode ocorrer nessa maravilhosa travessia de um corpo vivo em movimento. E de repente, no coração do Brasil, nuvens baixam sobre sua cabeça, e o transe entre mundos faz desaparecer até mesmo o sentido de um corpo que floresce. Ejetada do ninho, seu corpo flutua entre fronteiras, escancarando o sentido de estar viva. No Kuarup, rito funerário xinguano que ela toma para si, Sol e Lua dançam com humanos e trocam afetos. Portais descortinam um mundo constelado de floresta, rios e toda imensidão de um céu tão íntimo do chão que exala cheiro de terra e vegetais. Ana, a protagonista desta história, órfã de ritos em meio a uma sociedade toda ritualizada, já sabe que um poder escondido nas dobras do tempo-memória guarda pra si um outro nome – e um outro corpo possível. Dona de uma voz que não pretende ser o que não é, mas se deixa permear por todos os poros pelo encontro – e acaba sendo -, Rita narra uma jornada com gente, e também com gentes bicho, gentes-espírito, de onde emerge essa arqueologia sensível e cuidadosa dos mistérios que dão sentido à terra ancestral e aos seres que transitam entre as névoas e brumas dos tempos da criação de outros mundos pretéritos. Marcha para o oeste que encara o desafio de pisar com cuidado na terra natal – esse quase mítico mundo -, Terrapreta se revela um romance de formação para leitores que vislumbram outras cartografias do país, um livro para quem ainda não sabe o que é o Brasil.”
QUESTÕES ABORDADAS NO ESPETÁCULO
:. o processamento de um luto vivido por uma menina jovem, a protagonista Ana e o início de uma viagem iniciática, no Alto Xingu, na companhia do pai, um arqueólogo;
:. a transição da infância para a adolescência, e da adolescência para vida adulta, tanto da personagem principal, Ana, não indígena, quanto dos seus amigos indígenas, fazendo seus ritos de passagem;
:. a relação com a puberdade e questões com a menstruação e a sexualidade, e as diferenças culturais em torno dessas questões, entre uma adolescente branca e adolescentes indígenas;
:. o cotidiano numa aldeia indígena e seus ritos;
:. a descrição rigorosa por parte da autora, do ponto de vista antropológico, do ritual do Kuarup, a festa dos mortos do Xingu, e a relação com o sagrado na cosmovisão indígena;
:. a possibilidade de trazer para o público, o conceito da Terrapreta, do ponto de vista didático da arqueologia;
:. as questões históricas sobre a secular ocupação humana indígena na floresta, e de como essa presença foi e é essencial para a formação da Terrapreta;
:. a urgência de olhar para a crise humanitária dos povos indígenas e de como podemos ser aliados na preservação da Natureza.
TERRAPRETA POR NELSON BASKERVILLE
Não escolhi fazer esse espetáculo. Confesso que o tema não estava entre minhas prioridades e urgências. Por outro lado sempre acreditei que a natureza tem sua ordem incompreensível e a maioria das escolhas é dela. Alguns chamam isso de Deus. Pra mim sempre foi a natureza. Por isso não resisti ao convite de Helena Cerello a esse desafio: trabalhar com povos originários que não fazem parte da minha bolha. Mas sei que nosso organismo foi forjado para a luta e que esse trabalho me faria penetrar em mundos desconhecidos onde a escuta seria minha habilidade imprescindível. Isso aqui não é uma peça. É de outra ordem, maior, é uma integração de mundos, uma constante abertura para uma reparação de uma invisibilidade pois sempre
acreditei que a função da arte é de jogar luzes sobre injustiças ou tornar o escuro insuportável. Mapulu e sua família não conhecem o teatro, não fazemos parte do universo deles e qualquer tentativa de adaptá-los ao conjunto de convenções e signos de nossa arte soa como uma colonização com roupagens intelectuais. Os indígenas não precisam de nós. Só querem que o deixemos em paz e não invadamos suas terras, sua cultura e seu modo de viver pois se seus rios (fonte de alimento) continuarem ricos em peixes, se sua floresta continuar dando frutos e raízes para seus remédios, eles sobreviverão sem a integração invasiva dos brancos. Agradeço a natureza por ter colocado diante de mim o maior desafio da minha vida. Agradeço pela oportunidade de conhecer (menos do que desejo) e conviver com essas pessoas que vivem profundamente nossos semelhantes, plantas e animais, que conhecem o céu ao olhar pra ele, o rio ao banhar-se nele e que realmente se importam com seu povo. Dedico esse momento à Mapulu, Raul, Maíra, Kuratu, Yutah, Alok e Huwutú. A Helena e seus sonhos.
SOBRE...
MAPULU PAJÉ KAMAYURA - pajé, liderança indígena e atriz
Mapulu começou sua pajelança aos 15 anos quando adoeceu. Ela sofria de dores na perna e passou dois meses deitada em redes, e isso representava, segundo a tradição, o evento que selou seu destino. O Anhangu (espírito) a escolheu para ser pajé e era a única cura para sua enfermidade.
Quem a instruiu e a transformou foi seu próprio pai e pajé Takumã. Em seus atendimentos, Mapulu conta com um alto conhecimento de ervas (seu marido, Raul Yawalapiti é raizeiro) e um vasto arsenal de saberes tradicionais. Além disso, Mapulu é parteira também, tendo realizado muitos partos. Mapulu tem atuado também na formação de novos pajés, sejam homens ou mulheres. Há alguns anos ela comandou a formação de dois jovens pajés Tapirapé, ajudando, assim, a promover o retorno aos ritos de cura e pajelança na Aldeia Urubu Branco, que sofria com o desaparecimento dos xamãs e curadores. Recebeu da ONU em 2018 o Prêmio de Direitos Humanos por proteger a saúde dos povos indígenas, especialmente das mulheres. Mapulu é uma das mais importantes mulheres do movimento indígena do Brasil e atua com seus conhecimentos em todo território indígena do Mato Grosso.
NELSON BASKERVILLE - diretor artístico
Nelson Baskerville é ator, diretor e autor teatral além de artista plástico. Prêmio Shell 2011 de melhor diretor por “Luis Antonio-Gabriela”, (espetáculo com maior número de indicações do ano – melhor diretor, autor, iluminador, ator e figurino), além do Prêmio APCA, 2011, de melhor espetáculo, Melhor espetáculo, Júri Popular do Prêmio Governador do Estado e Prêmio CPT de melhor diretor e melhor conjunto, pelo mesmo espetáculo. Indicado ao Prêmio Shell 2017 pela direção de Eigengrau de Penelope Skinner. Recebeu mais duas indicações ao Prêmio Shell 2013, por seu trabalho de direção e iluminação no espetáculo “As Estrelas Cadentes do Meu Céu são feitas de Bombas do Inimigo” com a cia Provisório-Definitivo. Indicação de melhor diretor Prêmio Shell 2018 por “Os 3 Mundos” de Fabio Ba e Gabriel Moon no Teatro Popular do Sesi. Diretor-fundador da AntiKatártiKa Teatral (AKK) dirigiu em 2005, “Camino Real” de Tennessee Williams e “17 X Nelson – o Inferno de todos nós”.
Dirigiu em 2007 o grupo do Teatro Oficina de Portugal na peça “Dublin Carol” (Cântico de Natal), de Conor McPherson, na cidade de Guimarães. Nos 3 primeiros meses de 2012, estreou 4 espetáculos como diretor: “17 X Nelson – Parte 2 – Se não é eterno não é amor”, “Os 7 Gatinhos” de Nelson Rodrigues e “A Falecida” de Nelson Rodrigues e “Brincando com Fogo” de August Strindberg, apresentado em Estocolmo no mesmo ano. Formado pela EAD (Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo) em 1983 e graduado em Licenciatura em Teatro pela Uni-Ítalo, Nelson trabalhou como ator e assistente de direção de Fauzi Arap durante os anos de 1980, quando integrou a premiada montagem de "Uma lição longe demais", de Zeno Wilde. Trabalhou no grupo TAPA entre 1989 e 1991 nos espetáculos "A Megera Domada", "Solness, o Construtor" e "Senhor de Porqueiral". Foi também integrante do "Núcleo dos Dez de Dramaturgia", coordenado por Luis Alberto de Abreu. Foi professor do Teatro Escola Célia-Helena durante 19 anos. Em 2008, adaptou e dirigiu “Por que a Criança cozinha na Polenta” de Agaja Veteranyi, (20 prêmios em 12 festivais pelo Brasil incluindo melhor direção, adaptação e trilha sonora).
HELENA CERELLO - atriz e produtora
Helena Cerello nasceu em 1977 em São Paulo. Estudou administração de empresas na Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP) e teatro no teatro-escola Célia-Helena. Trabalha como atriz desde 2000, com destaque para a trajetória com sua companhia, a Cia.Vadabordo, com a qual realiza o monólogo ‘O Peso do Pássaro Morto’, inspirado no livro de Aline Bei; e a sua experiência junto à companhia teatral Le Plat du Jour, onde recebeu, junto ao grupo, dentre outros, também o prêmio APCA.
Atualmente, está em repertório com o PÁSSARO e o espetáculo O MUNDO DE HUNDERTWASSER, inspirado nas obras do pintor, arquiteto e ativista ecológico Friedensreich Hundertwasser, realização da cia. VADABORDO. Por esse trabalho, Helena Cerello e Raul Barretto, seu parceiro na companhia, foram indicados ao PRÊMIO especial da crítica APCA, por levarem a obra de Hundertwasser ao teatro e receberam o PRÊMIO APLAUSO BRASIL, na categoria ‘Melhor espetáculo para público jovem e infantil’.
No cinema, Helena Cerello atuou nos longas “Garotas do ABC” de Carlos Reichenbach, “Quanto dura o amor” de Roberto Moreira, “O Poeta” do italiano Marco Nicoletti, “Meu Amigo Hindu” de Hector Babenco, “Trago Comigo” de Tata Amaral, participou no filme “Erotic Man” do dinamarquês Jorgen Leth (produção de Lars Von Trier).
Na televisão participou como atriz em episódios das séries “Lili-a ex” O2/GNT direção de Quico Meirelles, “O Negócio” de direção de Michel Tikhomiroff (HBO), “Família Imperial” direção de Teo Poppovic (Canal Futura), em “Como Aproveitar o Fim do Mundo” direção de José Alvarenga (Rede Globo), “No Estranho Planeta dos Seres Audiovisuais” direção Cao Hemburguer (Canal Futura), “Alice” direção de Karin Ainouz (HBO) e “Descolados” direção de Luis Pinheiro (MTV).
Além de ser atriz, escreve ficção e lançou o romance ‘Ninguém abandona o Paraíso pela porta da frente’, Editora Quelônio.
FICHA TÉCNICA:
TERRAPRETA A PEÇA (SONHO)
Inspirado no livro TERRAPRETA da autora RITA CARELLI
Idealização - HELENA CERELLO
Direção artística - NELSON BASKERVILLE
Participação especial no Audiovisual - ALDEIA KAMAYURA
Adaptação dramatúrgica NELSON BASKERVILLE HELENA CERELLO
colaboração - MAPULU KAMAYURA
ELENCO:
MAPULU PAJÉ KAMAYURA RAÚL YAWALAPITI
MAIRA YAWALAPITI HELENA CERELLO
LUCIANNA LIMA EUGÊNIO LA SALVIA
KURATU WAURA YAWALAPITI YUTAH YAWALAPITI
Coordenação de produção - HELENA CERELLO
Produtores associados - LUCIANNA LIMA RAUL BARRETTO
Música original - MARCELO PELLEGRINI
Iluminação - WAGNER FREIRE
Captação de imagens audiovisuais -
GUILHERME GNIPPER LUCIANNA LIMA
HELENA CERELLO
Áudio captados no Xingu - ALEXANDRE GNIPPER
Agradecimentos ao cineasta indígena por imagens cedidas - TAKUMÃ KUIKURO
Direção de imagem e videomapping - ANDRÉ GRYNWASK e PRI ARGOUD (Um Cafofo)
Cenário - MARISA BENTIVEGNA
Figurinos - MARICHILENE ARTISEVSKIS
Supervisão de número circense - KIKO CALDAS
Preparação corporal - MAURICIO FLOREZ
Assessoria de imprensa - ARTEPLURAL
Assistente de produção - SUZANA AYALA
Atriz cuidadora das crianças indígenas - TAYA VALENTIN
Elenco primeira etapa de ensaios
SANDRA MIYAZAWA
ADILSON AZEVEDO
Oficinas vivência indígena - DAYANE NUNES ETNIA DYROA BAYA ANDERSON KARY BAYA
Dramaturgismo - MARCELO ARIEL, MÁRCIO TITO
Artistas plásticos - RUI KAMAYURA, FERNANDA ROMÃO
Fotógrafo - RONALDO GUTIERREZ
Documentário - TERRAPRETA A PEÇA (SONHO)
Direção e Roteiro - CAUÊ ANGELI e HELENA CERELLO
direção de fotografia e câmera - CAUÊ ANGELI
Câmera 2- NANDA CIPOLA
Câmera 3 - JONAS LUMAZINI
Agradecimento - conselheiro especial do documentário SERGIO MACHADO
Realização companhia - VADABORDO
SERVIÇO:
TERRAPRETA A PEÇA (Sonho)
ESPAÇO PARLAPATÕES
Praça Franklin Roosevelt, 158 Centro, São Paulo
Curta Temporada:
Estreia - dia 20 de junho às 20h30
10 apresentações na segunda quinzena de junho 20, 21, 22, 23 de junho (quinta a domingo)
26, 27, 28, 29 e 30 de junho (quarta a domingo)
Quarta, Quinta, Sexta e Sábado: 20h30 Domingo: 19h
Sessão Extra: Sábado dia 29 de junho às 17h
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