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  • Foto do escritorCláudia Rolim

Música, poesia, teatro, exposições para homenagear Ana Luísa Amaral na Escritaria 2022

Está, oficialmente, aberta a 14ª edição da Escritaria em Penafiel. Até o dia 23 de Outubro, a vida e obra de Ana Luísa Amaral estará por toda a parte, em todos os cantos e recantos de Penafiel e de diversas formas e feitios. A “contaminação” literária pelas palavras e pela vida de Ana Luísa Amaral, marcada pela excelência literária da poetisa, estará firmemente presente em território penafidelense através do teatro, da música, das conferências, exposições e da arte de rua.


A Escritaria decorre desde 2008 e o seu início contou com a curadoria do, então, Presidente da Câmara Municipal de Penafiel, Alberto Santos, com o objetivo maior de celebrar e homenagear a língua portuguesa através de um escritor vivo durante uma semana. O festival já homenageou escritores como Urbano Tavares Rodrigues, José Saramago, Mia Couto, Alice Vieira, Lídia Jorge, Mário de Carvalho, Pepetela, Manuel Alegre, entre outros.



A Escritaria 2022 chega com uma peculiaridade. Esta é a primeira edição em formato de homenagem póstuma, já que Ana Luísa nos deixou em agosto deste ano, mas apesar do fato inesperado, Penafiel irá igualmente inaugurar a escultura da escritora e uma frase que marca a cidade para memória futura, a par com os anteriores homenageados.


Aliás, uma das novidades desta edição é precisamente a inclusão do “Descerramento da frase e inauguração da escultura”, mas também da “Inauguração da Arte Pública” e da Inauguração da exposição de Ana Luísa Amaral na Biblioteca Municipal – ocasiões com grande simbologia – nas transmissões on-line, a par com outros momentos importantes da Escritaria que, nas últimas edições, já tem vindo a ser transmitidos via streamming através das redes sociais da Escritaria e da Câmara Municipal de Penafiel, como a “Conversa em torno da poesia de Ana Luísa Amaral” ou a Conferência “Vida e Obra de Ana Luísa Amaral”, de forma a envolver cada vez mais a comunidade e todos os amantes desta festa das palavras, mesmo aqueles que, por razões diversas, não poderão estar presentes fisicamente.


Nesta 14ª edição, a comunidade escolar volta a estar envolvida na iniciativa, através da conceção de peças de arte pública espalhadas pelas ruas do centro da cidade e montras do comércio local. Além disso, os “Caminhos da Poesia”, extensíveis a toda a programação, vão colocar todos os níveis de ensino, desde o pré-escolar ao secundário, todos os Agrupamentos Escolares do concelho e ainda as IPSS’s, em contacto direto com a obra da homenageada, através de contadores de histórias, poesia com música e biblioteca itinerante, de forma a descentralizar o evento para as várias freguesias do concelho.


A Escritaria 2022 teve início, no dia 16 de outubro, com uma visita guiada ficcionada pelo património literário de Penafiel, pelo Bairro dos Livros. No mesmo dia, deu-se em destaque a apresentação do livro referente à Escritaria com Germano Almeida, em 2021, no Recreatório Paroquial.


No dia 19 de Outubro o destaque vai para o espetáculo “RUGE: poemas e canções”, a ser protagonizado por Daniela Ónis, pelo jornalista Rodrigo Guedes de Carvalho e Rúben Alves, às 21h30, no Museu Municipal. Ainda no Museu Municipal, decorrerá no dia 21 outubro, pelas 22h, a apresentação da peça “A Tempestade”, de Ana Luísa Amaral, com a encenação exclusiva de Vítor Fernandes, pelo grupo Jangada Teatro, para a Escritaria da obra de ALA, que depois será apresentada em todos os Agrupamentos escolares do concelho.


O encerramento do festival, no dia 23, contará com o espetáculo “Manifesto pelos leitores de poesia”, com Filipa Leal, Pedro Lamares e participação de Carolina Rocha.


Para Antonino de Sousa, Presidente da Câmara Municipal de Penafiel, “Esta será mais uma edição singular e especial da Escritaria. Com este programa, procuramos, sobretudo, dignificar a vida e obra de Ana Luísa Amaral, como tão bem merece, mas também envolver toda comunidade nesta festa das palavras, que é nossa. Estou convicto de que será uma grande homenagem, repleta de emoção e simbolismo”, finaliza o Presidente da Câmara.


Sobre ANA LUÍSA AMARAL



Ana Luísa Amaral nasceu em Lisboa, em abril de 1956, e vivia em Leça da Palmeira, Matosinhos, desde a infância. Estudou Literatura, fez um doutoramento na poesia de Emily Dickinson, que traduziu, especializou-se em Poéticas Comparadas, Estudos Feministas, Estudos Queer.

O seu percurso poético abre em "Terra de Ninguém", primeiro poema do seu primeiro livro, "Minha Senhora de quê", publicado em 1990, e tem o seu desfecho em "Mundos Depois", cerca de três décadas mais tarde.

Entre um poema e o outro, afirmou-se "uma voz genuinamente original", como disse o professor Arnaldo Saraiva, logo perante os primeiros testemunhos da jovem docente de Literatura da Universidade do Porto, uma voz que ganhou de imediato uma "rápida e espantosa internacionalização", justificada pela importância da sua expressão, como destaca a investigadora Maria Irene Ramalho, no posfácio a "O Olhar Diagonal das Coisas", volume de mais de 1.300 páginas, publicado este ano, com a obra poética da escritora.

Professora aposentada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, era investigadora do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, somando publicações académicas e promovendo edições como o "Dicionário de Crítica Feminista", de que foi coautora, e mantendo viva a importância de obras como "Novas Cartas Portuguesas", de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, cuja edição mais recente anotou.

Recebeu os maiores prémios, nacionais e internacionais, do Prémio Vergílio Ferreira, Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, do Correntes d"Escritas, ao Prémio Internazionale Fondazione Roma: Ritratti di Poesia.

Ana Luisa escreveu quase 30 livros de poemas, publicados entre 1990 e 2021, com títulos como "Epopeias", "E Muitos os Caminhos", "Às Vezes o Paraíso", "A arte de ser tigre", "A génese do amor", "Entre dois rios e outras noites", "Vozes", "Escuro", "What"s in a name", "Ágora" e mais de uma dezena de livros de literatura infantojuvenil e ensaios sobre literatura e vida, alguns coligidos no volume "Arder a Palavra e Outros Incêndios".

Escreveu teatro em "Próspero Morreu" (2011), que também era "poema em um ato", escreveu ficção, em "Ara" (2013), mas, acima de tudo, expandiu o gosto pela palavra, pela língua.

VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA DA ESCRITARIA 2022





1 commentaire


Invité
17 oct. 2022

Excelente texto.

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