Há pouco mais de 90 anos Carmen Miranda (1909-1955) cantava pela primeira vez na rádio carioca Roquete Pinto, RJ. Portuguesa radicada no Brasil, a cantora estava prestes a se tornar um dos maiores símbolos da cultura brasileira para todo o mundo. Em comemoração a essa data, Carmen, a Grande Pequena Notável, com direção de Kleber Montanheiro está em cartaz no CCBB até 28 de março, com apresentações quintas e sextas às 18h e sábados e domingos às 16h. O projeto tem patrocínio do Banco do Brasil.
O musical conta a história da cantora Carmen Miranda, de sua chegada ao Brasil ainda criança, passando pelas rádios, suas primeiras gravações em disco, pelo cinema brasileiro e o Cassino da Urca, ao estrelato nos filmes de Hollywood. Inspirado no livro homônimo infanto juvenil de Heloása Seixas e Julia Romeu, o espetáculo conta e canta para toda a família os 46 anos de vida dessa pequena notável que levou a música e a cultura brasileira para os quatro cantos do mundo.
Carmen, a Grande Pequena Notável é inspirado no livro homônimo de Heloisa Seixas e Julia Romeu, que venceu o Prêmio FNLIJ de Melhor Livro de Não Ficção em 2015. Quem dá vida à diva é a atriz Amanda Acosta que concedeu uma entrevista exclusiva ao Blog Viajando De Lá Pra Cá.
VLPC: Amanda, o que te levou a " viver" Carmen Miranda no teatro?
Amanda Acosta: Fui convidada pelo Kleber Montanheiro, diretor e idealizador do espetáculo "Carmen a Grande Pequena Notável." Quando ele me convidou fiquei numa felicidade sem fim, sabendo que seria também um grande desafio interpretar essa grande mulher, grande artista, tão marcante em todos seus movimentos, olhares, fala, canto... Quando Kleber me convidou o projeto estava em andamento para aprovação no prêmio Zé Renato. Mas neste período veio "Bibi Uma Vida em Musical" onde eu interpretei Bibi Ferreira. Quando o projeto de Carmem foi aprovado eu estava em cartaz com Bibi com possibilidade de viagens depois da temporada em São Paulo. Mas acabou dando certo porque a estreia de Carmen acabou sendo adiada para setembro e Bibi fez turnê depois de um ano.
VLPC:O que mais te aproxima da Pequena Notável?
Amanda Acosta: A paixão pelo oficio! O amor em doar o melhor para as pessoas no palco e na vida. O prazer de cantar, dançar, brincar com as possibilidades do corpo, do canto, da alma. A verdade nas relações. A empatia! A dedicação, o amor, o respeito pela a profissão e pelo público!! E Carmen me ensina muito, ela desperta o melhor em mim. Carmen é um estado de espírito!
VLPC: Amanda, você já veio a Portugal, mas nunca esteve na cidade de Cármen Miranda, ou seja, em Marco de Canaveses. Nesse momento, a Câmara Municipal de Marco de Canaveses está reformando e modernizando o museu Carmen Miranda. Você já pensou na possibilidade de vir conhecer o Museu e quem sabe se apresentar no teatro da cidade?
Amanda Acosta: Mas claro que sim!!! É o que eu mais desejo, é o que todos da família "Carmen, a Grande Pequena Notável" deseja!! Vai ser arrebatador apresentar Carmen em Marco de Canaveses. Após cada apresentação temos aplausos emocionados que já chegaram a cinco minutos. Isso é a resposta de amor e gratidão do público pelo o que eles receberam do espetáculo. Ver crianças saindo da peça imitando a Carmen; as senhoras e senhores chorando de emoção e jovens com olhos cheios de lágrimas saindo motivados a saber mais sobre Carmen é sinal de que a missão está sendo cumprida e que o espetáculo toca profundamente a alma das pessoas, assim como Carmen tocava! Tenho certeza que será um acontecimento na vida de todos nós e uma homenagem marcante e inesquecível a nossa grande estrela Carmen Miranda em sua terra natal! Escrevi estas últimas linhas arrepiada!!
Para contar a história da Pequena Grande Notável o espetáculo adota a estrutura, a estética e as convenções do Teatro de Revista Brasileiro, no qual Carmen Miranda também se destacou. “Utilizamos a divisão em quadros, o reconhecimento imediato de tipos brasileiros e a musicalidade presente, colaborando diretamente com o texto falado, não como um apêndice musical, mas sim como dramaturgia cantada”, explica o diretor Kleber Montanheiro.
Esse tradicional gênero popular faz parte da identidade cultural brasileira, mas recentemente está em processo de desaparecimento da cena teatral por falta de conhecimento, preconceito artístico e valorização de formas americanizadas e/ou industrializadas de musicais.
A encenação tem a proposta de preservar a memória sobre a pequena notável, como a cantora era conhecida, e a época em que ela fez sucesso tanto no Brasil como nos Estados Unidos, entre os anos de 1930 e 1950. Por isso, os figurinos da protagonista são inspirados nos desenhos originais das roupas usadas por Carmen Miranda; já as vestes dos demais personagens são baseadas na moda dessas décadas.
“As interpretações dos atores obedecerão a prosódia de uma época, influenciada diretamente pelo modo de falar ‘aportuguesado’, o maneirismo de cantar proveniente do rádio, onde as emissões vocais traduzem um período e uma identidade específica”, revela Montanheiro.
A cenografia reproduz os principais ambientes propostos pelo livro. Esses espaços físicos são o porto do Rio de Janeiro, onde Carmen desembarca criança com seus pais; sua casa e as ruas da Cidade Maravilhosa; a loja de chapéus, onde Carmen trabalhou; o estúdio de rádio; os estúdios de Hollywood e as telas de cinema; e o céu, onde ela foi cantar em 5 de agosto de 1955. Cada cenário traz ao fundo uma palavra composta com as letras do nome da cantora em formatos grandes. Por exemplo, a palavra MAR aparece no porto, e MÃE, na casa dos pais da cantora.
Sobre a temporada no CCBB RJ
O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro funciona de quarta à segunda, das 9h às 18h. O CCBB RJ está adaptado às novas medidas de segurança sanitária: entrada apenas com agendamento on line (eventim.com.br), controle da quantidade de pessoas no prédio, fluxo único de circulação, medição de temperatura, uso obrigatório de máscara, disponibilização de álcool gel e sinalizadores no piso para o distanciamento. No teatro a capacidade foi reduzida para 50%, com higienização completa antes de cada apresentação/sessão, além do distanciamento de 2 metros entre as poltronas.
Sobre KLEBER MONTANHEIRO - direção, cenários e figurinos
Produtor, ator, diretor, cenógrafo, figurinista e iluminador, Kleber Montanheiro trabalhou como assistente e criador de grandes mestres do teatro nacional: Gianni Ratto, Roberto Lage, Wagner Freire, Antônio Abujamra, Myriam Muniz, Naum Alves de Souza, entre outros.
Como diretor, ganhou os prêmios APCA 2008, por “Sonho de Uma Noite de Verão”; e FEMSA 2009, por “A Odisséia de Arlequino”. Como cenógrafo e figurinista, venceu os prêmios APCA e FEMSA 2012, por “A História do Incrível Peixe Orelha”. Como iluminador, recebeu o prêmio FEMSA 2013, pelo trabalho em “Crônicas de Cavaleiros e Dragões”, de Paulo Rogério Lopes.
As últimas peças dirigidas por ele foram “Alô Alô Theatro Musical Brazileiro” (2017), de sua autoria com Amanda Acosta; “Um Dez Cem Mil Inimigos do Povo” (2016), de Cassio Pires, a partir da obra de Henrik Ibsen; “Os Dois Cavalheiros de Verona” (2015), de William Shakespeare; “A Lenda do Cigano e O Gigante” (2015) e “Navio Fantasma - O Holandês Voador” (2015), ambos de Paulo Rogério Lopes; e “Sobre Cartas & Desejos Infinitos” (2015), de Ana Luiza Garcia.
Sobre HELOISA SEIXAS - autora do livro e adaptadora teatral
A carioca Heloisa Seixas trabalhou muitos anos na imprensa do Rio de Janeiro antes de se dedicar exclusivamente à literatura. É autora de mais de 20 livros, incluindo romances, contos, crônicas e obras infanto juvenis, além de peças de teatro. Foi quatro vezes finalista do prêmio Jabuti, com os livros “Pente de Vênus”, “A porta”, “Pérolas absolutas” e “O oitavo selo”, este último também finalista do prêmio São Paulo de Literatura e semifinalista do prêmio Oceanos.
Seu livro mais recente é o romance “Agora e na hora”, lançado em abril pela Companhia das Letras. Além dos musicais “Era no tempo do rei” e “Bilac vê estrelas”, ambos em parceria com Julia Romeu, Heloisa fez para o teatro a peça “O lugar escuro”, uma adaptação de seu livro homônimo sobre a doença de Alzheimer. Este espetáculo rendeu para a atriz Camilla Amado o Prêmio Especial APTR de 2014.
Sobre JULIA ROMEU - autora do livro e adaptadora teatral
Em parceria com Heloisa Seixas, Julia Romeu escreveu os musicais “Era no tempo do rei” (2010), com músicas de Aldir Blanc e Carlos Lyra; e “Bilac vê estrelas” (2015), que venceu os prêmios Bibi Ferreira de Melhor Musical Brasileiro, Shell e APTR, com canções de Nei Lopes. As duas também são autoras do livro “Carmen: A grande pequena notável”, a biografia de Carmen Miranda para crianças, vencedora do Prêmio FNLIJ de Melhor Livro de Não Ficção de 2015. Além disso, ela trabalha como tradutora literária há mais de dez anos e é mestre em Literaturas de Língua Inglesa pela UERJ.
FICHA TÉCNICA:
CARMEN, A GRANDE PEQUENA NOTÁVEL
PATROCÍNIO: BANCO DO BRASIL
REALIZAÇÃO: CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL
DRAMATURGIA: HELOISA SEIXAS e JULIA ROMEU
DIREÇÃO: KLEBER MONTANHEIRO
DIRETORA ASSISTENTE: LARISSA MATHEUS
ELENCO: AMANDA ACOSTA - Carmen Miranda, DANIELA CURY - Mãe / Freira / Corista, GUH REZENDE - Pai / Freira / Mario Cunha / Empresário Americano, FERNANDA GABRIELA - Aurora Miranda / Secretária do Cassino / Corista, JÚLIA SANCHES - Madame Boss / Madre Maria José / Isaura / Corista, SAMUEL DE ASSIS - Criança / Josué de Barros / Dono do Cassino
DIREÇÃO MUSICAL E ARRANJOS: RICARDO SEVERO
MUSICOS: BETINHO SODRÉ, MAURICIO MAAS, MONIQUE SALUSTIANO e FERNANDO PATAU
CENÁRIO E FIGURINOS: KLEBER MONTANHEIRO
ASSISTENTE DE CENÁRIO E FIGURINOS: THAÍS BONEVILLE
PRODUÇÃO DE ÉPOCA:LUMA YOSHIOKA
CENOTÉCNICO: EVAS CARRETERO
PINTURA ARTÍSTICA DE CENOGRAFIA E FIGURINOS:VICTOR GRIZZO
VISAGISMO:ANDERSON BUENO
COREOGRAFIA e DIREÇÃO DE MOVIMENTO: KEILA FUKE
ILUMINAÇÃO: MARISA BENTIVEGNA
ADEREÇOS: MICHELE ROLANDI
COSTUREIRAS: CREUZA MEDEIROS e MARILUCE CONSTANTINA DA COSTA
DESIGN DE SOM: ANDRÉ OMOTE
FOTOS e REGISTRO EM VIDEO: LEEKYUNG KIM
PROJETO GRÁFICO: HERON MEDEIROS
ASSESSORIA DE IMPRENSA: MERCADOCOM / RIBAMAR FILHO
OPERADOR DE LUZ: MATHEUS MACEDO
OPERADOR DE SOM: KLEBER MARQUES
CAMAREIRO: JÔ NASCIMENTO
CONTRARREGRAGEM: MARCOS VALADÃO
MICROFONISTA: EDER SOUSA
PRODUÇÃO EXECUTIVA E DIRETOR DE PALCO: REGILSON FELICIANO
ACOMPANHAMENTO ARTÍSTICO: Aruana Granier, Domenica Guimarães, Eder Sousa, Franklin Almeida, Julia Walther, Laura Santini, Letícia Esposito, Lucas Martinez, Lucas Profirio, Luísa Gouvêa, Maiara Schultz, Marcos Junior Valadão, Maria Alina Corsi, Mila Fogaça, Paula Mares, Raíssa Tomasin, Rodrigo Odone, Rodrigo Santiago, Weslley Rocha
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO E ADMINISTRAÇÃO: MAURÍCIO INAFRE
IDEALIZAÇÃO DO PROJETO: KLEBER MONTANHEIRO
SERVIÇO
Carmen – A Grande Pequena Notável
Centro Cultural Banco do Brasil - RJ
R. Primeiro de Março, 66 – Centro – TEATRO I – Rio de Janeiro, Brasil
Temporada: Até 28 de março, quintas e sextas às 18h e sábados e domingos às 16h.
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada)
Classificação: livre. Recomendado para crianças a partir de 5 anos
Duração: 70 minutos
Capacidade: 75 lugares
Informações: (+55 21) 3808-2020
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