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  • Foto do escritorCláudia Rolim

A exposição “Aberaldo e o rio: esculturas da Ilha do Ferro” chega ao Rio de Janeiro

A Sala do Artista Popular abriu suas portas para receber "Aberaldo e o Rio: esculturas da Ilha do Ferro" . A mostra pode ser vista até dia 29 de Setembro e a visitação é gratuita.



A mostra apresenta a obra de Mestre Aberaldo, um dos expoentes entre os escultores da Ilha do Ferro, hoje um importante celeiro de artistas populares do sertão alagoano, às margens do Rio São Francisco.

 

A partir das memórias e experiências vividas em seu território - as embarcações que navegam pelo São Francisco, os personagens da história local e a fauna – a madeira ganha novas formas em esculturas, bancos e representações em miniatura.


Aberaldo Sandes Costa Lima nasceu em 1960, na Ilha do Ferro, no Estado de Alagoas, às margens do rio São Francisco. Filho de Manoel Lima, que era ferreiro, carpinteiro, cordelista e sanfoneiro, e Maria do Carmo, que se dedicava ao bordado, à agricultura familiar e aos cuidados da casa e da família. A arte e o roçado fizeram parte da vida do escultor, junto com o jogo de futebol no campinho local, a pesca e as corridas de barcos à vela, em miniatura, no rio. “Se eu pudesse eu morava lá no meio do rio!”, assim expressa Aberaldo sobre a simbiose que tem com o Velho Chico.


O artista conta que "a escultura é um vício", ressaltando que o trabalho com a madeira sempre fez parte de sua vida. Aprendeu a manuseá-la com o pai na carpintaria. No início da década de 1980, começou a produzir barcos em miniatura junto com seu irmão, Antônio Sandes, para vender nas feiras de Maceió/AL. Logo em seguida, começou a fazer seus primeiros “corcundas”, esculturas inspiradas na postura corporal de Frei Damião, frade já falecido que agrupa muitos devotos na Região Nordeste. 

 

Depois, vieram as formas inspiradas nas imagens que via pelas estradas e das histórias de fé que ouvia no povoado. Essas formas antropomórficas se tornaram a principal marca de seu trabalho. No entanto, seu repertório foi se ampliando e, hoje, há uma multiplicidade de formas de bancos, animais, barcos e miniaturas entalhadas em imburana e mulungu, madeiras utilizadas por Aberaldo.

 

Entre as ferramentas, o escultor utiliza desde a serra elétrica, para cortar troncos maiores, até um conjunto de diferentes serrotes, serras, enxó, facões, machadinhas, para dar contorno à madeira. Para finalizar as peças, o formão, as facas e as lixas, de diversos tamanhos, complementam a coleção de instrumentos que são utilizados no processo artístico. A tinta à base de água e o verniz conferem o acabamento final. Já o tempo médio de fabricação é variado. Em geral, Aberaldo trabalha em várias peças ao mesmo tempo, executando-as por etapas: em um dia faz o corte, noutro, só o polimento e assim por diante. Mas, o que importa de fato ao artista é a rotina permanente entre o entalhe, o rio e sua imaginação.

 

Para Aberaldo, o artesanato na Ilha do Ferro tem íntima e histórica relação com o Rio São Francisco, em razão das técnicas de manuseio da madeira desenvolvidas pelos antigos mestres canoeiros que construíram e restauraram barcos. Destaca também a antiga produção de tamancos de madeira bastante comuns na Ilha e comercializados às margens do rio. Salienta ainda a presença da fé, em formas de “cabeças de promessa” ou os ex-votos, confeccionados na madeira em nome de alguma graça alcançada. A confluência desses aspectos e o modo como cada artista se apropria desses elementos se refletem na atual produção de esculturas da Ilha do Ferro, que hoje é um valoroso celeiro de artistas populares. 


Criado em 1983, o Programa Sala do Artista Popular é voltado à produção de arte popular e artesanato brasileiros, envolvendo ações de pesquisa, documentação, difusão e fomento.  Oferece, também, um espaço de exposições de curta duração, voltado para difundir e comercializar as obras de artistas e comunidades da cultura popular. 

 

"Abelardo e o rio: esculturas da Ilha do Ferro" é a 208ª exposição do Programa SAP.


Realização:

Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP/Iphan)

Associação dos Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro (Acamufec)

 

Apoio:

Programa Alagoas Feita à Mão/ Secretaria de Estado de Relações Federativas e Internacionais de Alagoas


SERVIÇO:

Sala do Artista Popular do Centro Nacional de Folclore

R. do Catete, 179 - Catete, RJ  

Tel: (21) 3826-6558

E N T R A D A  F R A N C A

VISITAÇÃO: terça a sexta-feira, das 10h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 11h às 17h / Período: de 22 de agosto a 29 de setembro

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